Vivências de pessoas em situação de rua com o uso de substâncias psicoativas: um estudo no contexto do Distrito Federal
Resumo
Investigou-se a respeito das vivências de pessoas em situação de rua que usam ou que já
usaram substâncias psicoativas (SPAs), utilizando como recorte a Revista Traços, um
programa de reinserção social e geração de renda para pessoas em vulnerabilidade social, os
chamados de Porta-Vozes da Cultura. Trata-se de um estudo qualitativo do tipo exploratório,
realizado com quatro indivíduos adultos a partir de relatos de experiência mediados pelo uso
de entrevista semiestruturada. As informações construídas foram analisadas pelo referencial
teórico-metodológico orientado por Bardin (2016), que consistiu em três etapas: a préanálise;
a exploração do material; e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
Desse modo, surgiram as seguintes categorias: caracterização do uso de substâncias
psicoativas; experiência com programas voltados para usuários de álcool e outras drogas;
história de vida e a situação de rua; e projeto social Revista Traços e o uso de substâncias
psicoativas. Como resultado, foi possível construir análises sobre o modo como as pessoas se
relacionam com o uso de substâncias psicoativas. Nota-se que a Revista Traços contribuiu
para a transformação da vida dos Porta-Vozes da Cultura, diante da inserção no mercado de
trabalho. O uso de substâncias psicoativas, em consequência disso, diminuiu e as funções
exercidas pelo uso de SPAs modificaram-se. Foi possível perceber enquanto fator
determinante para a situação de rua e o uso de SPAs à vulnerabilidade social vivenciada
pelos participantes antes do ingresso a Revista Traços. Diante dos dados obtidos, concluí-se
que a história de vida dos sujeitos está diretamente ligada à situação de rua e ao uso de
substâncias psicoativas, programas sociais são capazes de mudar a perspectiva de vida de
uma pessoa, oferecendo possibilidade de desenvolvimento econômico e social e, por fim,
modelos baseados em abstinência mostraram-se ineficazes como forma de tratamento. A
Política Nacional de Redução de Danos, dessa forma, torna-se uma alternativa ao último
modelo.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7521
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