Prevalência do uso de drogas de desempenho entre estudantes de medicina de uma instituição de ensino privada de Brasília
Resumo
Os psicoestimulantes são substâncias que atuam por mecanismos que favorecem o
aprendizado, memória e concentração. Eles podem ter origem natural ou sintética, que
necessitam ou não de prescrição médica para seu uso. Os principais estimulantes
encontrados em nosso meio são a cafeína, bebidas energéticas, pó de guaraná e
metilfenidato. Essas “smart drugs” são consumidas com frequência por estudantes e no
meio acadêmico, o uso é encontrado em prevalência entre os estudantes de medicina. Isso
se deve à possibilidade desses fármacos aumentarem o desempenho do aluno, efeito muito
desejado visto a excessiva carga horária do curso, bem como a abundância de conteúdo e
provas extensas. Assim, nota-se a alta procura pelas drogas, mesmo que essas tragam efeitos
colaterais e possibilidade de dependência e tolerabilidade. O presente estudo teve como
objetivo analisar a prevalência do uso de drogas de desempenho entre estudantes de
medicina e descrever os principais efeitos colaterais percebidos pelos estudantes. Foi
realizado, portanto, um estudo de caráter observacional e transversal, utilizando dados
obtidos a partir de questionário anônimo disponibilizado pela plataforma Google Forms. Foi
obtido uma amostra de 143 alunos do curso de medicina de uma universidade privada de
Brasília, matriculados entre o 1º e 12º semestre. Foi encontrado a prevalência do sexo
feminino e principal faixa etária entre 17 e 26 anos. Observou-se a prevalência do consumo
de cafeína (83,92%) e bebidas energéticas (70,63%) na amostra, seguidas de pó de guaraná e
metilfenidato, sendo que deste último, consumido por 16,78% dos estudantes, apenas 40%
possuem prescrição para o uso. Em todos os estimulantes foi observado que o início do uso
se deu antes da faculdade e a motivação principal foi a inibição do sono bem como o
aumento da concentração. Os estudantes que consomem cafeína foram os que mais
necessitam do aumento de dose para obter o mesmo efeito desde que iniciou o consumo e
62% percebem melhora no rendimento acadêmico após seu uso. Em contraponto, os
usuários de todos os outros estimulantes analisados não compõem a maioria na percepção
de melhora do rendimento. Ademais, os principais efeitos colaterais percebidos pelos alunos
após o consumo dos fármacos são a cefaleia, taquicardia, ansiedade e tremores nas mãos.
Sendo assim, foi possível observar a prática comum do uso de substâncias estimulantes entre
os acadêmicos de medicina, bem como o aumento da utilização antes do período de
avaliações, como encontrado nas principais pesquisas acerca do assunto. Infere-se a
importância do debate acerca do uso descontrolado dessas substâncias, visto que, mesmo na
presença de efeitos colaterais indesejados, a procura pelo consumo continua sendo prática
recorrente entre os estudantes da área
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8986
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